quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Crianças Sem Paradeiro


Todos os dias desaparecem milhares de crianças, todos os dias escorrem lágrimas pela face dos seus entes mais queridos...no entanto “para nós” será sempre apenas mais uma. Nos primeiros minutos em que as notícias nos chegam através dos média, nós pensamos, imaginamos, chegamos mesmo até a conjunturar sobre o que poderia ter sido, caso fosse uma criança com quem convivemos.

Nos minutos seguintes à notícia continuamos a pensar, mas passado um dia, ou até mesmo dois, já quase não nos lembramos do assunto ou da criança. Agora imagine que lhe acontecia a si, quando as coisas nos abalroam a nós “só pensamos” que estamos a sonhar, e chegamos mesmo a beliscar o braço com força.

Estes desaparecimentos nem sempre são noticiados, porque os pais desejam sofrer em privacidade e com o choque limitam-se a fazer queixa à polícia. Aqueles que são noticiados, são seguidamente esquecidos.

No caso do “desaparecimento da Maddie”, houve um grande trabalho de relações públicas, que fizeram com que os jornais divulgassem o desaparecimento, dia após dia. Isto fez com que milhares de jornalistas de todo o mundo se deslocassem a Portugal para ajudar a procurar a criança.

Quando temos CNN, SKY New´s, as coisas giram de maneira diferente, Portugal fica “nas bocas do mundo”, e os media portugueses ajudam à festa. Hollywood em Portugal, quase parece, mas afinal o que é que estamos a comemorar?

Admiro aquelas pessoas que ajudaram a procurar a Maddie por solidariedade, mas não admirava que isso fosse acontecer, visto que o “massacre” lançado pelos média ao público era tão grande, que as pessoas já não conseguiam esquecer.

Cheguei a presenciar, via televisão, a chegada de grupos de pessoas vindas do exterior para ajudar a procurar a menina inglesa, mas ainda hoje me questiono: “será que vinham à procura de Maddie ou de uma fatia do grande bolo da recompensa”?

Em conclusão, não devemos retratar as crianças como quadros, mas sim, como seres humanos indefesos, que sofrem, que são retirados dos seus pais, que são usados para imensos fins, e isso não pode continuar a ser esquecido ou lembrado quando mais nos convém. Devemos relembra-los diariamente, com pequenos apelos diários, nos meios de comunicação ou na Internet.

Neste aspecto o Reino Unido é um exemplo a seguir, quando uma criança desaparece a sua fotografia é colocada nos pacotes de leite, assim todos terão conhecimento e poderão ajudar.

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