terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Baixa de Coimbra Está em Alta


Quem entrou na cidade de Coimbra pela ponte de Sta Clara, facilmente percebeu que algo diferente estava a tomar conta das ruas da cidade. A noite, essa estava calma e muito fria, faltava um grau para que a temperatura passasse a negativa. A decoração natalícia parecia ser a mesma dos anos anteriores, mas a música da orquestra ecoava tão alto que que era impossível não perceber que a noite era mais um dia de festa.



A ideia partiu de um grupo de estudantes de Engenharia Informática, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que decidiu desenvolver um projecto, no âmbito da cadeira de Processos de Gestão e Inovação, denominado “Noite Branca”. Este projecto consiste na animação cultural e comércio nocturno, para ajudar o comércio da baixa de Coimbra a combater a desertificação actual, devido às enormes afluências a grandes superfícies comerciais.

Armindo Gaspar foi um dos visitantes que decidiu ver o projecto de perto. “A minha família está a adorar presenciar este acontecimento. A cidade precisa de mais iniciativas como esta ao longo do ano, pois temos mesmo de manter viva a tradição na cidade, caso contrário o comércio tradicional continuará a desaparecer”, referiu numa altura em que o grupo, Orquestra Ligeira da Filarmónica do Mondego, fazia a animação da praça.

Do outro lado da rua, Luís Braga, proprietário de uma loja de agasalhos junto à Praça Oito de Maio, falou sobre a boa adesão por parte do público a este projecto: “A noite está fria, o que por um lado é bom para o meu negócio, mas por outro é mau para as pessoas friorentas, pois não se atrevem sequer a sair de casa. Contudo, o resultado é acima do esperado, estou muito satisfeito. Gostaria de manter a minha casa aberta por muito tempo, mas para isso é necessário que a situação melhore consideravelmente.”

Seguindo na direcção da Praça do Comércio, ouviu-se um grande alarido ao cimo das escadas, era o Rancho Folclórico da Associação Cultural Rosas do Mondego a animar a “malta”, e o ruído era tão alto que os cantores do rancho até se esforçavam para se fazerem ouvir.

Sentados em um dos bancos de jardim que ali se encontrava, estavam dois vendedores ambulantes, com peças de madeira trabalhadas à mão. Joeli Albani, nascido em Moçambique, não tem dúvidas, a iniciativa é boa: “A cidade está cada vez mais deserta, no Verão veêm-se poucas pessoas nas ruas, devem ir para a praia… no Inverno ninguém se atreve a sair à rua com medo do frio. Iniciativas como esta fazem-nos ganhar um pouco mais, esta cidade vive de estudantes, mas existem mais pessoas a viver cá e a precisarem dela para conseguir comer”.

Ao fundo das escadas da Praça do Comércio ouviu-se um enorme eco, o som bateu tão forte nas paredes da Igreja S. Bartolomeu, que era impossível ninguém perceber que a noite era dia de festa. O grupo responsável por tamanha algazarra é a “Olpa Big Band”, Orquestra Ligeira da Filarmónica da Pampilhosa, com 15 músicos.



Já na Rua da Sota, a cerca de cinco metros da actuação, encontravam-se três montras diferentes de todas as outras, eram as chamadas “montra vivas”, com manequins humanos, as pessoas que passavam achavam tanta graça que riam, riam, ao ponto de fazerem rir os próprios manequins.

O pequeno estacionamento junto ao barco Basófias estava apinhado de carros e parecia que os arrumadores estariam de folga. Já à entrada da rua encontrava-se um grupo de gaiteiros que transpôs a sua felicidade às pessoas. O passeio estava tão repleto de pessoas que mais parecia estar em horário diurno.

Pela frente, uma multidão gélida deambulava de um lado para o outro na Rua Ferreira Borges, montra sim, montra sim...

A baixa de Coimbra esteve em alta este fim-de-semana, porém “baixa”, só mesmo a temperatura!

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande Reportagem... tás lá! Parece que lá estive após ler essa reportagem... abraço